Agora que já sabemos quais as vantagens de uma rotina de beleza que privilegia o uso de produtos naturais, a curiosidade sobre que compostos químicos devem ser evitados pode vir ao de cima.
Quem teve a oportunidade de acompanhar o nascimento e renascimento da Naturalíssima, sabe que este movimento nasceu através do meu receio de prejudicar a minha gestação assim que o meu obstetra avisou que os químicos usados para alisar o cabelo tinham efeitos nocivos no bebé.
A verdade é que os químicos potencialmente cancerígenos e causadores de várias outras doenças são encontrados um pouco por todo lado: água, comida, bebida e etc. No entanto, nenhuma outra categoria de produtos é tão isenta de regulação como a de cosméticos. Naturalmente vem a pergunta à mente: então porque é permitido que estes produtos sejam vendidos se apresentam um risco para a saúde pública? Isto acontece baseado no princípio de que a exposição a substâncias nocivas contidas nos produtos cosméticos é mínima e por isso segura.
Aqui é que, para mim, usando uma linguajar mais popular, “a porca torce o rabo”, pois se uma jovem mulher, na faixa etária dos 20 anos, usa pelo menos 10 produtos destes na sua rotina de higiene e beleza diária, este risco é multiplicado por 10, diariamente, e tendo em conta que provavelmente este uso tenderá a ser constante ao longo da sua vida, a matemática é um pouco assustadora. É caso para dizer que não há fumo sem fogo. Não é por acaso que nos últimos tempos, no seio moçambicano e um pouco por todo mundo, é mais comum termos conhecimento ou mesmo perdemos pessoas próximas vítimas de cancro. Ora tudo isto pode ser evitado, ou pelo menos minimizado (pois a genética tem um papel importante aqui), através de ações simples como optar por alternativas mais naturais no dia a dia, desde o que comemos, ao que colocamos na pele.
Muitos destes componentes químicos estão ligados ao surgimento de cancros, alterações hormonais no sistema reprodutivo, alterações no sistema neurológico e endócrino, enxaquecas, alergias, asmas e muitos outros problemas de saúde.
Existe uma lista extensiva de componentes químicos a evitar quando vamos a busca daquele cosmético que nos auxilia a alcançar determinados resultados (sim, temos de nos habituar a ler os rótulos). Para facilitar, a Naturalíssima elaborou uma lista curta dos mais comuns abaixo:
- Amianto – Cancerígeno.
Encontrado em cosméticos como maquiagem em pó ou talco para bebês que contenham talc na sua composição. - BHA e BHT (Butylated Hydroxyanisole, Butil-hidroxianisol) e (Butylated Hydroxytoluene, Butil-hidroxitolueno)
Conservantes considerados cancerígenos (BHA) e com suspeita de interferir no funcionamento hormonal. - Chumbo (Lead acetate ou lead)
Fixador usado em cosméticos com alta pigmentação como tintas de cabelo e batom. É cancerígeno e o seu efeito cumulativo pode causar intoxicação. - Corantes de alcatrão de hulha (Coal tar dyes)
Potencialmente cancerígenos e podem estar contaminados por metais pesados. - DEA (Diethanolamine, Dietanolamina), Cocamide DEA, MEA (Monoethanolamine, Monoetanolamina) e TEA (Triethanolamine, Trietanolamina)
Potencialmente cancerígenos, após reação. Encontrado em produtos cremosos e que formam espuma, como máscaras e cremes hidratantes e shampoos. - Dibutilftalato (Dibutyl Phthalate)
Usado como plastificante em alguns produtos para unhas. Tóxico para o sistema reprodutivo e pode interferir no funcionamento hormonal. - Formaldeído e liberadores de formol
Conservantes usados em vários cosméticos e que podem causar dermatite de contacto e enxaqueca, pois liberam formol muito lentamente. Geralmente denomina-se DMDM Hydantoin (DMDM Hidantoína), Diazolidinyl Urea (Diazolidinil Uréia), Imidazolidinyl Urea (Imidazolidinil Uréia), Methenamine (Metenamina) ou Quaternium-15 (Quatérnio-15). - Parabenos
Conservantes que podem interferir no funcionamento hormonal e associados ao cancro da mama. - Perfume (Parfum)
Muito usados mesmo em produtos “sem perfume”, alguns associa-se ao cancro e neurotoxicidade. - PEGs (Polyethylene Glycol, Polietilenoglicol)
Potencialmente cancerígenos e frequentemente usados em condicionadores, hidratantes, desodorizantes. - Petrolatos (Petrolatum)
Encontra-se em produtos para o cabelo, protetores labiais, batons, produtos para a pele. Produto derivado de petróleo que pode estar contaminado por impurezas causadoras de cancro.
Criam uma camada superficial que impede pele e cabelo de respirarem, obstruindo os poros. Recebem as seguintes nomenclaturas: Petroleum oil (Petróleo), Petroleum Jelly (Óleo de Vaselina), Petrolatum (Petrolato), Mineral oil (Óleo Mineral), Mineral Jelly (Geléia Mineral), Liquid Paraffin (Parafina Líquida). - Plásticos e plastificantes
Encontrados em produtos para o cabelo, esfoliantes e até pasta de dentes. Afeta as hormonas e estão ligados ao cancro. Também absorvem toxinas e poluem água, animais selvagens, a cadeia inteira. Procure por Polyethylene (Polietileno), Polythene (Polietileno), PE ou Phenoxyethanol (Fenoxietanol), Phthalates (Ftalatos). - Silicones e Siloxanes (Siloxanos): Cyclotetrasiloxane, cyclopentasiloxane, cyclohexasiloxane e Cyclomethicone (Cyclomethicone)
Comumente usados em cosméticos. Podem interferir nas funções hormonais e causar danos ao fígado. - Sulfatos: Sodium Laureth Sulphate (SLES, Lauril Éter Sulfato de Sódio) e Sodium Lauryl Sulphate (SLS, Lauril Sulfato de Sódio)
Usados em produtos que formam espuma. Ressecam a pele e podem causar alergias e dermatites, câncer e ao fígado. - Triclosano (Triclosan)
Usado em produtos bactericidas como pastas de dente, sabonetes, desinfetantes para as mãos. Pode interferir no funcionamento hormonal e contribuir para a formação de bactérias resistentes a antibióticos. - Cloreto de Alumínio (Aluminium, Aluminium Chlorohydrate)
Usado em desodorizantes e antitranspirantes. A absorção do alumínio em aplicação tópica cumulativa e em determinada quantidade apresenta efeitos tóxicos ao organismo. Esta substância, além de impedir o suor, perturba o funcionamento dos gânglios linfáticos que estão localizados em alta concentração nas axilas. Os gânglios linfáticos compõem o sistema linfático que é responsável por desintoxicar o corpo e manter sua imunidade em equilíbrio. As mulheres que costumam se depilar absorvem ainda mais facilmente essas substâncias, pois a pele fica mais exposta.
Imagens: Cotton Bro, Anna Shvet