Terra, a casa de todos nós

O nascer e pôr do sol, as nascentes de água nos montes e montanhas, as planícies cobertas de um verde vivo, os pássaros coloridos que nos encantam com as suas melodias, o cheiro de terra molhada depois das chuvas tropicais, as praias do nosso belo Moçambique (sim, especificamente essas).

As sombras das mangueiras e embondeiros … estas e outras inúmeras maravilhas são-nos oferecidas pela mãe natureza e constituem o habitat natural de todos nós – o nosso planeta terra.

Bem vistas as coisas, somos abençoados com tanta beleza e riqueza que acredito que nem a própria imaginação humana poderia, no seu apogeu, criar. Contudo, uma parte de nós, ainda insuficiente, questiona-se todos os dias sobre que “casa” vamos deixar para as gerações vindouras.

A Naturalíssima tem como valor intrínseco a sustentabilidade ambiental e de recursos e este artigo pretende ser uma pequena introdução à consciência ambiental. Assim, ao longo desta pequena jornada inicial esperamos poder clarificar alguns conceitos e quem sabe despertar alguma paixão pela proteção desta casa, que é de todos nós.

Como não poderia deixar de ser e usando um dos nossos pilares, que é o aprendizado através do passado, é importante termos alguma contextualização histórica. Essencialmente, a Revolução Industrial que ocorreu entre os séculos XVIII e XIX, acompanhada pela massificação dos aglomerados urbanos criou uma ruptura no equilíbrio com a natureza devido ao aumento das emissões poluentes e ao crescimento exponencial na utilização de recursos naturais não renováveis.

Aqui entramos numa nova perspectiva, que é o conceito de fontes de energia renováveis e não renováveis.
Fontes de energia renováveis são aquelas que se regeneram espontaneamente ou através da ação humana: hidrelétrica, solar, eólica, geotérmica, biomassa (proveniente de matérias orgânicas, como restos de comida), mares e oceanos e hidrogênio.
Por sua vez, fontes de energia não renováveis são aquelas para as quais não existe mecanismo de regeneração natural ou através da ação humana, tendo por isso reservas finitas. Aqui enquadram-se os combustíveis fósseis e a energia nuclear e são geralmente consideradas mais poluentes porque a sua utilização causa danos ao ambiente.

Assim, a água, os alimentos, o carvão, o gás natural, os metais, os minerais, o petróleo fazem todos parte da grande família dos recursos naturais escassos.

A vida moderna é caracterizada pelo consumismo prático e funcional acelerado. Queremos tudo para ontem e consequentemente nos socorremos de tudo que nos garante efetividade na gestão de um dos maiores luxos contemporâneos, o tempo. Por esta razão e muitas vezes sem consciência dos impactos das nossas ações, recorremos a comidas preparadas e embaladas: cereais, vegetais e frutas cortadas; cápsulas de chá e café, etc. Para além da imensa quantidade de lixo não degradável gerado por este estilo de vida, este comportamento também prejudica a nossa saúde pelo maior consumo de alimentos processados, conservantes e gorduras saturadas.

Nota especial vai aqui para o facto de que o continente africano é o que menos contribuiu para as emissões de gases de efeito estufa (que diminuem a camada de ozono), no entanto é o continente que mais sofre com os seus efeitos: desde as secas no oeste do continente até as chuvas torrenciais tropicais e consequentes cheias no sul do mesmo (Idai, Kenneth, entre outros ainda se encontram frescos nas nossas memórias).
No entanto, nem tudo são más notícias. Este mesmo continente apresenta um enorme potencial no que diz respeito à ação no combate às mudanças climáticas pela abundância de recursos solares, eólicos e geotérmicos. Com um pouco de “vontade política” chegamos lá com certeza, principalmente se os países mais ricos em petróleo e gás tomarem a dianteira a revolução energética

A transição de África para uma nova economia climática está em curso em muitos países:

África do Sul – Sistema de lavagem de carro sem água
(Green Machine)

A Green Machine usa o mínimo de água e não contribui para a poluição do sistema de água através da aplicação de uma cera inofensiva ao ambiente e solúvel em água que é borrifada na viatura e depois limpa com um pano de microfibra.

Kenya – Extensões de cabelo recicláveis

Assumpta Khasambuli criou uma alternativa acessível e ambientalmente consciente para extensões de cabelo sintético. O seu produto é feito com sisal. A inovação está crescendo em todo o mundo, pois não apenas o cabelo de sisal é biodegradável, mas também é reutilizável.

Ruanda – Quiosques solares móveis

Este equipamento foi criado por Henri Nyakarundi e para além dos benefícios climáticos, tem também acoplados benefícios sócio-económicos, criando fontes de renda para as comunidades mais carenciadas.

Se cada um de nós fizer a sua parte, podemos sim deixar uma “casa” melhor para os nossos netos e os netos deste.

Camila Sequeira e Paco

Fundadora e autora do Naturalíssima.

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